sábado, 16 de agosto de 2014

A criação

A Criação.

No inicio o mundo era frio e sem vida.
Solitário, repousava tal qual a longínqua estrela insone,
Dormindo suavemente no silêncio do espaço.

E disse Deus: Que haja a luz!
E assim a luz se fez.
Orgulhosa e altiva como era, difundiu-se em tom elegante,
Refletindo cores de onde outrora apenas haviam trevas.
E Viu Deus que isso era bom.

Do alto, Ele observou.
A matéria iluminada carecia-lhe de jeito e forma,
Seu traço disforme e grosseiro escarrava-lhe a própria face,
Rasgando vorazmente de dentro de seu peito,
O suspiro da perfeição.

E disse Deus: Erguei da terra toda a rocha, e desta faça-se o corpo!
E assim se fez.
Uma pós outra foram sobrepostas por toda a superfície,
Entoando o baque surdo de um sonho já esquecido.
E viu Deus que isso era bom.

Do alto, Ele observou.
As rochas convocadas das profundezas,
Repousavam imóveis e serenas.
Brindando-lhe com um traço solene e circular,
Tal qual foi feita a gota do orvalho.


E disse Deus: Crescei da terra as plantas, e delas faça-se o sustento.
E assim se fez.
Levantaram-se as arvores de todos os tamanhos,
Enroscando suas longas raízes como garras, no interior da terra.
E viu Deus que isso era bom.

Do alto, Ele observou.
O jovem mundo sorria num tom singular,
Esboçando de jeito tímido sua forma arredondada.
Sustentada unicamente em abraço eterno,
Aguardava em silêncio.

E disse Deus: Brotai do solo o oceano, e nele navegarão doze ilhas,
pois destas surgirá a vida.
E assim se fez.
Ergueram-se sobre as aguas tão leve quanto garças,
Deleitando-se com o baile das ondas ao seu redor.
E viu Deus que isso era bom.

Do alto, Ele observou.
As doze porções de terra tomaram pra si a superfície do mar,
Trazendo consigo paz, satisfação e beleza.
Agora existia a vida,
Mas faltava-lhe o movimento.

E disse Deus: Erguei no céu os astros, pois destes se fará o tempo.
E assim se fez.
Separou então o dia da noite,
Em seguida a hora dos segundos.
E viu Deus que isso era bom.

Do alto, Ele observou.
O três astros celestes circulavam o jovem mundo,
Derramando seu brilho sobre as ilhas uma de cada vez.
Presenteando cada uma com o tempo,
E delas recebendo o lugar na existência.

E disse deus: De minha mão dar-lhe-ei a força, pois andarás por tua conta própria.
E assim se fez.
O mundo então começou a girar,
Governando em seu ritmo constante

Os homens, seus deuses e a própria Terra.

                                                                  - Caio Karoba

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